Quantcast
Channel: Donas de casa anônimas » Fa’ la cosa giusta
Viewing all articles
Browse latest Browse all 6

O prazer de fazer a coisa certa

$
0
0

No dia 17 de Março, um domingo com uma virada brusca do tempo de sol a chuva, muito frio e por fim neve, um evento muito particular me fez sair de casa. Estou falando do “Fa’ la cosa giusta!” – Feira Nacional do consumo crítico e estilo de vida sustentável, que aconteceu de 14 a 17 de Março em Milão no centro de eventos Fiera Milano City. E posso dizer com certeza –  valeu a pena!

Pode parecer só um evento, mas convido vocês, donas de casa, mulheres e mães à essa visita virtual do que pude reunir de MUITA coisa interessante por lá…

Falar de sustentabilidade nos dias de hoje é um assunto recorrente em quase todas as áreas, mas o “boom” da sustentabilidade não é recente, como possamos pensar. Remete à década de 80, cujo termo Desenvolvimento Sustentável foi definido como “a satisfação das necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

Porém, é nesse momento atual que vivenciamos com mais frequência essa tendência que se tornou praticamente obrigatória se quisermos pensar no futuro. Junto com a evolução dessa tendência, vocês provavelmente já devem ter ouvido termos como: “Economia Criativa”, “Economia Solidária”, “Produtos biológicos”, “Alimentos Orgânicos”, “Responsabilidade socio ambiental”, etc.

A questão que deve ficar para muitas de nós é:

“Ok, legal! Mas… aonde um “cidadão comum” entra nessa história? Como eu posso contribuir para um desenvolvimento sustentável?”

E a resposta é: Sim! Nós todos estamos envolvidos e para nossa surpresa, há inúmeras  formas de fazer a diferença. Felizmente!

E foi assim que por acaso, através da Daniela Correa (dona-de-casa anônimas), fiquei sabendo de um evento anual aqui na Itália muito interessante que abriu um leque de possibilidades. O Fa la Cosa Giusta! é a maior feira de sustentabilidade da Itália, um projeto da editora italiana independente Terre di Mezzo e teve sua primeira edição em 2004 – olha só há quanto tempo já existe essa iniciativa!

A Feira é uma mostra/mercado, onde 700 expositores apresentam e vendem seus produtos, expõem seus valores, interagem com o público e fazem networking em encontros e mesas redondas. Conta também com praça de alimentação a preços muito razoáveis (de 3€ a 7€), com opções bio, alimentos crus, vegetarianas e veganas além de cervejas artesanais e vinhos biológicos.   Dentre as novidades de 2013, estavam os temas de Mobilidade Sustentável, Artesãos Tecnológicos, serviços para a família com uma área toda dedicadas às crianças, e destaca-se um programa específico sobre o tema da violência contra a mulher.

Coincidentemente o país hóspede foi o Brasil, representado pelo SESI que trouxe dois projetos:

O VIRAVIDA com uma pequena mostra muito bem organizada com vídeos e fotos de casos reais de jovens, crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência física ou sexual (inclusive decorrentes do Turismo Sexual no Nordeste) ou toxico dependência.

 

(Fotos e vídeo da mostra do projeto VIRAVIDA)

E o Cozinha Brasil, uma cozinha instalada na feira com palestras sobre reaproveitamento de alimentos, nutrição e a diminuição do impacto ambiental através do não-desperdício (quando eu cheguei estavam falando sobre o uso da casca da banana e até da casca da melancia que cozida com temperos tem a mesma consistência que o chuchu ou a batata!)

(Jovens em palestra na cozinha do SESI na feira)

O evento é dividido em 11 sessões temáticas. E pra minha surpresa, entre elas incluía também Turismo Consciente! Como Turismóloga (sim, graduada em Turismo), estudei sobre sustentabilidade e impacto do Turismo nas destinações, sei quanto é importante e como essa área é carente de investimento. E pra quem tem um grande interesse por cultura, meio-ambiente, interação entre povos, troca de experiências e responsabilidade social, imaginem a enorme alegria ter presenciado o encontro de todos esses assuntos em um só lugar?!

Afinal, não se trata apenas de teoria ou de um conceito pessoal de viajar, mas de toda uma estrutura na prática, organizada com entidades reais que têm realmente a missão e os valores de seus negócios orientados para oferecer serviços viáveis de acordo com essa ideologia. E com parceiros em diversos lugares no mundo.

Bem, por ser minha área, poderia escrever horas sobre Turismo Consciente com prazer!  Mas cada um dos temas acima tem seu mérito e então separei alguns projetos e empresas em destaque de cada área que chamaram minha atenção e mesmo que algumas sejam internacionais, vale a pena conferir. De repente tem algo parecido mais perto de vocês.

Os pavilhões eram divididos da seguinte forma:

Mobilidade Sustentável – Seção especial este ano, que hospedou a Elettrocity, uma ampla superfície dentro da feira para testar a mobilidade elétrica. Apresentação de vários meios de transportes menos poluentes, inovações e serviços, com muita ênfase em bicicletas (adaptadas, dobráveis, de carga e elétricas, chamadas de bicicleta de pedalada assistida, às quais vêm adicionado um motor elétrico e uma bateria que permitem pedalar mais levemente e acelerar), veículos elétricos e híbridos.  Algumas ideias muito úteis completam o quadro da mobilidade sustentável com sistemas para organizar caronas coletivas e compartilhamento urbano de bicicletas e revistas especializadas.

(Apresentação de projeto de design de bicicletas cargo por estudantes –  Davidovici Bar Product Design e Medicicle Design

Habitação Green – Alternativas sustentáveis em todos os estágios – bio arquitetura, construção, decoração com materiais recicláveis, design e móveis.

(Detalhes de decoração presentes em quase todos os stands. Bancos modernos feitos com papelão)

Comércio Eco e Solidário – Eco produtos provenientes de pequenas cooperativas empenhadas na inclusão social e no controle dos direitos de minorias da Ásia, África e América Latina principalmente. Exemplares de produtos de origem agrícola, florestal, bijuterias, camisetas, copos de vidro feitos de garrafa, cintos feitos de pneus, bolsas de material reciclado, seda e até papel feito de fezes de elefante e fibra de coco – Pela Vagamondi, que possui também projetos com o Brasil e turismo solidário)

(Venda de jogo de copos feitos de garrafas)

Cosmética Natural e Biológica – Cosméticos, fitocosméticos, produtos de higiene e limpeza, absorventes hipoalergênicos e biodegradáveis (como os da Organyc – Corman SPA), chás e tratamentos à base de ervas medicinais. Destaque para empresas faça-você-mesmo que ensinam a fabricar seus próprios cosméticos em casa.

 (Stand da la Saponaria, que vende produtos com certificado biológico, ingredientes naturais e locais além de ensinar a produzir cosméticos em casa)

Moda Crítica – Espaço dedicado ao consumo ético e responsabilidade sócio-ambiental da moda como representação de nossos valores de vida. Roupas, calçados, acessórios e decoração, artigos feitos à mão, utilização de materiais reciclados (pneus, banners, etc), antiquários, algodão biológico, bambu, fibras e tinturas naturais, couro vegetal , entre outros. Controle da produção sem exploração do trabalho e sem mão de obra infantil.

 (Tecidos com algodão biológico)

(Venda de camisetas feitas por detentos na banca da cooperativa “Made in Jail” que possui um catálogo com 500 artigos e trabalha com projetos sociais nas penitenciárias da Itália ensinando uma ocupação e cuja atividade ajuda a diminuir o índice de reincidência de crimes)

Editoria e Produtos Culturais – Diversos meios de mídia empenhados na produção e/ou distribuição de projetos e produtos ligados à cultura.

O Planeta dos Pequenos – Uma seção especial dedicada com roupas, móveis, espaço para jogos e cuidados de higiene para as crianças – e para os pais conscientes, naturalmente.

 (Seção de jogos para crianças da Associação Cultural Artesã Il Tarlo, que defende a paixão pela cultura e o estilo de vida artesão)

 (Stand da Italmami (com participação especial de cachorros que podem entrar na feira) empresa de fraldas laváveis e produtos ecológicos)

Coma como fale – A inversão intencional da expressão “Fale como se come”, que diz respeito a agir coerentemente, caiu muito bem aqui. Trata-se do pavilhão mais variado da feira dedicado ao consumo de bens em especial alimentares, associações, cooperativas, empresas agrícolas e pequenos produtores familiares. Os produtos seguem diversas linhas, como produção a KM 0 (locais, mais frescos e menos poluentes), biológica, biodinâmica, sem parabenos, parafina ou derivados de petrólio, não testados em animais e embalagens de materiais reciclados. OBS: Nem todas as empresas seguiam a filosofia vegetariana ou vegana, apresentando também produtos de criação biológica de animais, de modo controlado.

Paz e Participação – Associações, sindicatos, ONGs, distritos e redes, comunidades e grupos pela Paz e não violência.   ·      Serviços pela Sustentabilidade – Bancos Éticos, Empresas de Comunicação e Midia, Distribuidores automáticos de produtos ecológicos.

Turismo Consciente – Associações, entidades públicas, empresas e ONGs e outras organizações que trabalham com respeito ao meio ambiente, às pessoas e os trabalhadores. Eco turismo, turismo à pé, turismo rural, turismo guiado em bicicleta, hábitos sustentáveis, turismo cultural, turismo de imersão, slow tour e naturismo eram algumas das temáticas.

Reflexões sobre o evento

Particularmente, tenho visto que a consciência das pessoas têm mudado muito recentemente. Não só a percepção sobre o meio ambiente, o aquecimento global ou as mudanças econômicas, políticas e culturais na sociedade em que vivem, mas com relação ao seu papel no mundo, o trabalho que desenvolvem, o impacto de suas atitudes aos outros.   E tudo começa exatamente daí, da conscientização do INDIVÍDUO no TODO. Que uma ação local pode impactar no âmbito global.   Estamos ainda engatinhando nesse longo processo, é claro. Entretanto iniciativas como essa que reúnem pessoas engajadas em projetos voltados ao bem comum lançam uma luz para sabermos que existem alternativas para a escolha de um consumo mais responsável, um estilo de vida sustentável e a qualidade das relações interpessoais.

Fazer a coisa certa: Por onde começar?

Mudanças de hábitos simples, como reciclar, separar o lixo, reaproveitar alimentos, preferir produtos com menos embalagens, comprar de produtores locais KM 0 (que viajam menos, poluem menos, são mais frescos e ajudam na economia local), se preocupar com o comportamento sustentável das empresas e comprar de empresas responsáveis, optar por meios de transporte ecológicos, menos poluentes (mais trem, menos aéreo, quando possível), comprar produtos orgânicos, biodegradáveis, naturais, de artesanato, organizar caronas coletivas para o trabalho ou viagem, usar mais bicicleta entre tantas outras alternativas são algumas das propostas que o evento apresenta.

O Consumo consciente começa por ser consciente e agir conscientemente.

Promover, comprar de, trabalhar com ou valorizar o trabalho de empresas sustentáveis é contribuir para que elas se propagem, que esse estilo de vida seja mais difundido e consequentemente mais acessível. Em todos os aspectos.

E ahh! Falar sobre sustentabilidade e conscientizar é de grande ajuda…

Um pouco de tudo para saber mais

 

Alguns links bacanas pra pesquisar fora da feira:

http://www.ecoveicoli.it/prodotti.html

http://www.greenme.it/ – Portal com tudo sobre o Universo Green.

http://www.funnyvegan.com/ – Revista totalmente dedicada ao mundo vegan, com moda, beleza, bem estar, viagem, decoração e atualidades.

http://www.babycomp-it.org/ – Contracepção natural e segura.

http://www.labottegadellaluna.it/ – Site sobre bem estar natural da mulher com produtos,  Ecomenstruação, reforço da musculatura pélvica, leituras, etc.

http://www.smartika.it/Web/ Empréstimos alternativos de crédito entre pessoas, sem bancos e financeiras.   http://www.bancaetica.it/

http://www.valori.it/ – Jornal de economia social, finança ética e sustentabilidade.

http://edc-online.org/br/ – Portal do Movimento Economia de Comunhão, fundado pela italiana, Chiara Lubich, no Brasil.  Leia também sobre o Instituto Universitário Sophia, um centro de formação e pesquisa acadêmica não-convencional junto com uma escola de vida.

http://www.amazoniacomunitaria.org/  - Uma imersão nas comunidades indígenas e ribeirinhas, propostas de viagem com base no turismo sustentável, e comércio solidário na região amazônica. Organiza também vivências fotográficas.

http://www.bikemi.com/ – Serviço transporte público de locação de bicicletas para utilização breve dentro do perímetro urbano.

http://www.autostradecarpooling.it/ – Encontre uma companhia de viagem, economize e polua menos.

{Caroline Bambuy}


Viewing all articles
Browse latest Browse all 6

Latest Images





Latest Images